Dona de casa amazonense sai da crise investindo no artesanato

Mulher sai da crise inventando peças de madeira mesmo sem nunca ter feito curso de marcenaria usando apenas a criatividade.

Jamille Santos

Hoje em dia a artesã consegue tirar o seu sustento do artesanato e incentiva outras mulheres a entrar nesse mercado.

Porta retratos, caixinhas de joias e baús artesanais feitos de material reciclado são lindos e dão aquele “up” na decoração da casa, além de ajudar na natureza. Quando o marido ficou desempregado, há 12 anos, a artesã Sandra Duarte, 48, viu uma forma de ganhar dinheiro trabalhando com isso. A criatividade aflorou e hoje em dia a artesã consegue o seu próprio sustento, mas também ajuda outras mulheres a entrar nesse mercado.

“Meu marido trabalhava com marcenaria e pintura, e ficou desempregado. E como eu sempre gostei de mexer com martelo e inventar coisas, comecei a fazer as peças”, explicou Sandra Duarte.

Mesmo gostando de arte, ela lembra que o artesanato entrou em sua vida mais por necessidade e que nunca nem havia feito um curso profissionalizante ou tinha ideia de como começar a fazer as peças. “Eu aprendi inventando mesmo, só usando a criatividade. Até cheguei a procurar curso de marcenaria, mas para mulheres, mas não existe”, lembrou.

Reaproveitamento


Reutilizando paletes, rolo de papelão, tubetes e garrafas pets, Sandra começou a fazer as peças decorativas com ajuda do marido, que já tinha certa habilidade. “No começou eu realmente não sabia nada, só usei a criatividade e um sobrinho disse que tinha gostado. Com os elogios fui ganhando incentivo pra continuar”.

Sandra conta que o começo não foi nada fácil e que precisava levar o filho pequeno para as exposições onde vendia seu trabalho: “Meu filho era criança, não tinha com quem deixar, então eu levava ele comigo. Ele inclusive foi reconhecido, quando tinha 16 anos pela Cetrab (Centro de Ensino Trabalhista), como o primeiro empreendedor mais jovem de Manaus”, conta ela, que acabou ensinando tudo o que sabe ao filho, que por muito tempo passou a trabalhar com artesanato também.

A artesã recolhe os materiais recicláveis de fábricas do Polo Industrial de Manaus e usa o talento e a criatividade para fazer cada peça. “Eu simplesmente vou criando e inventado. Faço porta-chave, mesas, baús, molduras de espelho e tudo mais que a criatividade aflorar”.

Cada peça tem um valor diferente e a média de preços varia entre R$ 50 a R$ 200.

Grupo Artesãs Itinerantes


Percebendo as dificuldades de ser artesã e por ser um mercado quase não reconhecido, Sandra Duarte resolveu ajudar outras mulheres que como ela não tinha espaço. “Eu faço parte de um grupo de ação social para ajudar mulheres que não têm a chance de fazer um curso ou oportunidade de aprender”, explica. O grupo do qual Sandra faz parte é o Artesãs Itinerantes. As participantes do grupo realizam oficinas de artesanatos e ainda oferecem atendimentos gratuitos nas áreas médicas e de beleza. Elas também vão à comunidades do interior do estado onde oferecem mini-cursos de artesanatos para famílias carentes.

“Eu estou com um novo projeto que é fazer oficinas no município de Iranduba. Lá eu quero criar um grupo de mulheres empreendedoras, para que elas possam ter a própria renda e sustentar seus filhos”, disse Sandra, que além das oficinas, arrecada alimentos, roupas, brinquedos e distribui entre as famílias que participam.

Fonte: https://www.acritica.com